
Vibecoding — Transformando Equipes com Inteligência Artificial
Muito Além dos Prompts
Na última quarta-feira, compartilhei em Joinville um pouco da nossa jornada na Jetbov com um conceito que temos vivido na prática: Vibecoding.
Mais do que um novo termo, o Vibecoding representa uma mudança profunda de mentalidade no desenvolvimento de software. Ele nasce de uma pergunta simples, mas provocativa:
O seu time está apenas codando… ou está vibrando no código?
O que é Vibecoding?
No centro do Vibecoding está a ideia de colaboração ativa entre desenvolvedor e inteligência artificial — não como ferramenta de atalho ou substituição, mas como uma parceira estratégica, capaz de participar de todas as etapas do desenvolvimento: da ideação à manutenção, passando pela codificação, refatoração e documentação.
Codificar deixa de ser uma tarefa mecânica. Passa a ser um diálogo inteligente, onde o dev fornece contexto, intenção, estrutura, e a IA responde com soluções. É um ciclo iterativo, criativo e produtivo — que exige, sim, domínio técnico, mas também clareza de objetivos e pensamento sistêmico.
O segredo está no papel do desenvolvedor
Muito se fala sobre prompt engineering. E de fato, bons prompts fazem diferença. Mas o verdadeiro diferencial do Vibecoding está no papel que o desenvolvedor assume nesse novo fluxo.
De executor de tarefas, o dev passa a ser um estrategista, um curador. Ele precisa:
- Compreender profundamente o sistema e os objetivos do negócio
- Formular intenções claras e precisas
- Avaliar criticamente o que a IA propõe
- Refinar, adaptar e alinhar a entrega ao que realmente gera valor
Nesse modelo, a pergunta central muda.
Em vez de perguntar:
“Como eu escrevo esse código?”
Começamos a perguntar:
“Qual é o melhor jeito de resolver esse problema?”
Essa mudança de pergunta é o que destrava o verdadeiro potencial da IA no desenvolvimento.
O antes e o depois na Jetbov
A Jetbov não nasceu com Vibecoding. Começamos com um monolito Django, práticas ágeis convencionais (Scrum, com sprints mal concluídos), pouca padronização entre módulos e muita lógica de negócio espalhada.
O time, mesmo sendo excelente, gastava energia demais com tarefas repetitivas e técnicas. Nem sempre havia tempo para pensar em usabilidade, inovação ou real entrega de valor.
Entendemos que não poderiamos adotar a IA apenas por hype. Só adotaríamos quando tivéssemos estrutura, padrões e clareza de onde ela poderia multiplicar resultados.
O que fizemos (e o que não fizemos)
Antes de acelerar, organizamos a casa:
- Migramos do monolito para uma arquitetura de serviços, com Clean Architecture e princípios de Clean Code
- Adotamos o uso de rules diretamente no editor (via Cursor), mantendo padrões e boas práticas vivas
- Promovemos workshops internos com foco em capacitação real, e não “adoção por osmose”
- Estabelecemos objetivos claros e demos espaço para o time testar, errar, adaptar
E o mais importante: usamos a IA com responsabilidade. Nada de jogar IA em tudo de qualquer jeito. Cada passo foi consciente e com propósito.
Como aplicamos o Vibecoding
Hoje, o Vibecoding está presente em praticamente todo nosso ciclo de desenvolvimento. Alguns exemplos reais:
- Criação de novas features com geração guiada por prompt
- Refatoração e manutenção assistida de código legado
- Correções e novas telas no frontend feitas com muito mais agilidade
- Otimização de queries SQL com ganhos de até 80% de performance
- Geração automatizada de testes
- MVPs criados em poucos dias usando ferramentas como v0.dev e Cursor
- Scripts e análises de dados construídos com apoio de IA generativa (ChatGPT e Claude)
- Desenvolvimento de agents internos para apoio ao onboarding e processos
E não paramos por aí. A IA passou a ser parte ativa do nosso fluxo — desde a ideação até o pós-entrega.
Ferramentas que usamos
No nosso ecossistema Vibecoding, utilizamos:
- Cursor.sh: editor com IA integrada, navegação por grandes bases de código e suporte a regras internas
- v0.dev: prototipação ultrarrápida de interfaces
- ChatGPT + Claude: ciência de dados, scripts, notebooks, diagnósticos
Para chegar a estas opções fizemos, claro, uma pequisa e testes com outras ferramentas do mercado como GitHub Copilot, CodeWhisperer, Cody, Tabnine, Manus, DreamFlow entre outras.
Resultados concretos
A transição para o Vibecoding já trouxe ganhos mensuráveis:
- +50% de velocidade no desenvolvimento
- Agilidade na correção de bugs e menos retrabalho
- Aceleração de MVPs e correções no front
- Melhoria na performance de queries
- Aumento de motivação do time após workshops e adoção prática da IA
- Elevação do nível técnico dos desenvolvedores
Não substituímos ninguém. Multiplicamos nosso potencial.
O novo papel do gestor
Com o desenvolvedor mais estratégico, o gestor também precisa evoluir.
Hoje, medimos entregas por valor, não por esforço. Investimos em capacitação contínua em IA. E claro, estamos de olho em novas trilhas de carreira e lideramos com clareza, contexto e padrões.
O papel do gestor é abrir caminho, não empurrar tarefas.
O que vem por aí
Ainda estamos só começando. Nossas próximas frentes incluem:
- Revisão automatizada de PRs com IA
- Documentação de produto gerada junto com o código
- IA ajudando em decisões arquiteturais incrementais
- Migração assistida de código legado
- DevOps inteligente com apoio de LLMs
Conclusão
Vibecoding não é sobre depender de IA. É sobre ampliar o impacto humano com inteligência artificial como aliada.
A IA potencializa programadores.
Vibecoding é sobre propósito, contexto, estratégia e entrega real de valor.
E o mais bonito de tudo: ele tornou o código novamente um lugar de criação, não apenas de produção.